Pazes com a maconha: por que tantos países estão legalizando?

Ao redor do mundo, as atitudes de países em relação à maconha estão mudando. Países como Uruguai, Estados Unidos e Holanda fizeram as pazes com a maconha e são exemplos de países que não só permitiram o uso medicinal, quanto o uso social ou recreativo.
Países estão legalizando e percebendo os diversos benefícios, tanto para a população, quanto para a economia, mercado e sistemas de saúde. Essa onda pode fazer com que outros países sigam o exemplo e flexibilizam suas legislações.
Entenda porque tantos países estão fazendo as pazes com a maconha, os benefícios dessa mudança na legislação e como essa onda pode influenciar outros países, como o Brasil, a seguirem o mesmo caminho.
Países estão fazendo as pazes com a maconha
O primeiro país do mundo a legalizar o uso adulto (recreativo) de maconha foi o Uruguai, em 2012. O objetivo da medida era substituir as ligações entre o crime organizado e o comércio de cannabis por meio de uma regulamentação estatal. Mais tarde, no mesmo ano, os estados de Washington e do Colorado também decidiram fazer as pazes com a maconha e permitir seu uso não medicinal.
Hoje, oito estados já mudaram a legislação. México, Canadá, Jamaica, Portugal, Espanha e Holanda são alguns dos países que mudaram a legislação e permitiram o uso medicinal, social ou ambos da cannabis. No final de 2020 foi a vez da Organização das Nações Unidas (ONU) que reclassificou a cannabis e retirou a planta dos entorpecentes mais perigosos.

Benefícios para a saúde
O principal motivo para que os países estejam fazendo as pazes com a maconha é o benefício que a cannabis pode levar a milhares de pacientes em todo o mundo. Medicamentos negados a crianças e adultos tiveram tremendo impacto na opinião pública e essa preocupação impulsionou a legalização para fins médicos.
A procura de muitos pacientes por tratamentos canábicos está influenciando também o Brasil. Já falamos sobre o panorama do mercado canábico medicinal no Brasil e os oito produtos à base de cannabis liberados pela Anvisa.
Benefícios para o mercado e a economia
Para outros países, principalmente para aqueles que liberaram o uso social, o principal motivo foi o retorno lucrativo para a economia do país que a legalização da cannabis traz.
Fazer as pazes com a maconha significa impulsionar o mercado através do hempreendedorismo, exportar produtos para outros países, incentivar o turismo e até diminuir os impactos da “guerra às drogas”. Só no Brasil, a previsão é de que o mercado canábico pode chegar a impulsionar até R$14,4 bilhões.

Países com mudanças em andamento
Essa onda de mudanças está fazendo com que outros países façam as pazes com a maconha e afrouxem suas legislações. Veja a seguir as principais mudanças em andamento:
- África do Sul: o uso de cannabis por adultos em lugares privados foi legalizado pela alta corte do país;
- Coreia do Sul: legalizou o uso medicinal estritamente controlado, apesar de processar moradores por uso recreativo no exterior;
- Lesoto: tornou-se o primeiro país africano a legalizar o cultivo de cannabis para fins medicinais;
- Líbano: o país está considerando a legalização da produção de cannabis para fins médicos a fim de ajudar a economia;
- Malásia: uma sentença de morte dada a um jovem vendedor de óleo de cannabis provocou debate sobre a legalização no país;
- Reino Unido: médicos foram autorizados a prescrever produtos à base de cannabis desde novembro de 2021.

No Brasil, ainda estamos atrasados. Com uma legislação rígida, dificultamos até a importação de medicamentos para pacientes. A maioria deles precisa entrar na justiça para garantir seu direito de se medicar, o que torna o acesso aos medicamentos à base de cannabis restrito às pessoas com maior poder aquisitivo.