Canabinóides e doenças neurológicas

Mais um estudo sobre Cannabis publicado por pesquisadores brasileiros mostra o potencial que essa planta tem de curar doenças ou ajudar em tratamentos. Dessa vez, o estudo provou como os canabinóides podem tratar doenças neurológicas, como Alzheimer e esquizofrenia. 

Entenda o que são canabinóides, como eles atuam no nosso corpo e como eles podem ajudar na reconstituição de neurônios e células que estão diretamente ligadas ao aparecimento de doenças neurológicas. 

O que são canabinóides

Os canabinóides são substâncias encontradas ou extraídas da Cannabis sativa. Essa planta possui cerca de quinhentos compostos químicos, sendo que mais de cento e vinte fitocanabinóides já foram identificados. Dessas, duas substâncias se destacam e se tornaram os canabinóides mais estudados pela ciência em todo o mundo: o canabidiol ou CBD e o tetrahidrocanabinol ou THC. 

Apesar de possuírem a mesma estrutura molecular, o CBD e o THC possuem muitas diferenças. O CBD não tem ação intoxicante e por isso não provoca alterações de percepção de realidade. Ele se destaca por suas propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, antioxidantes, ansiolíticas, antidepressivas, neuroprotetoras, anticonvulsivas e anti náuseas. 

Genoma da Cannabis sativa

Já o THC possui atuação psicoativa, caracterizada pela sensação de euforia e é o responsável pela “brisa” dos que fazem uso adulto da Cannabis. Mas ele também possui propriedades medicinais importantes, já que é um potente estimulante do apetite, relaxante muscular, sedativo, analgésico e anti-inflamatório. Atua também sobre náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia, além de ter um efeito positivo no humor. 

Falamos mais sobre como os canabinóides atuam no Sistema Endocanabinóide e os efeitos colaterais de cada um aqui. Dependendo da doença e do tipo de tratamento necessário, é possível tomar medicamentos com CBD, THC ou com a mistura dos dois canabinóides. Lembrando que tudo isso deve ser feito com acompanhamento médico. 

Estudo brasileiro mostra como canabinóides podem tratar doenças neurológicas

Um estudo realizado por pesquisadores do Laboratório de Neuroproteômica, do Instituto de Biologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), mostrou que os canabinóides podem auxiliar no tratamento de doenças neurológicas e psiquiátricas, como Alzheimer, esclerose múltipla, esquizofrenia e depressão. 

Como já falamos anteriormente, já sabemos sobre os efeitos dos canabinóides, endocanabinóides (produzidos pelo nosso próprio corpo) ou sintéticos sobre os neurônios. Publicado na revista científica European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences no último mês, o estudo busca entender como essas substâncias atuam nas células da glia. 

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No passado, os pesquisadores achavam que as células da glia ligavam os neurônios uns aos outros, funcionando apenas como células de suporte. Nas últimas duas décadas, estudos mostraram que elas praticam funções importantes no cérebro. 

Assim, os pesquisadores analisaram três tipos de canabinóides em oligodendrócitos, células que são responsáveis por formar a bainha de mielina que protege os neurônios. Essa capa protetora é o meio de comunicação entre os neurônios e permite que eles “conversem” através de impulsos elétricos. 

Falhas nas células da glia podem causar doenças. No caso da esclerose múltipla ou do Alzheimer, por exemplo, a bainha de mielina é destruída. Sem essas células acessórias funcionarem, os neurônios não conseguem funcionar bem também. 

Com análise in vitro, os pesquisadores viram que os canabinóides promovem a proliferação dos oligodendrócitos e seu amadurecimento, o que pode se tornar potenciais tratamentos de doenças. Os próximos passos são mais estudos, com animais e humanos, para confirmar esses dados. 

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Por que esse estudo é tão importante?

Apesar de novos estudos precisarem ser feitos para criar maneiras de usar os canabinóides como forma de tratamento para doenças neurológicas, a descoberta é um grande avanço. Esses resultados podem ser usados por outros pesquisadores como direcionamento para a procura de novos tratamentos e medicamentos que tratem condições neurológicas que, muitas vezes, não possuem tratamento. 
E tudo isso foi descoberto aqui no Brasil. A Cannabis pode tratar doenças que ainda não tem cura, ou oferecer tratamentos mais amenos do que os que temos hoje. Mas isso só vai ser possível se trocarmos o preconceito por investimento em pesquisa e ciência.

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